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Factores genéticos condicionam resposta ao álcool 

Código pessoal determina susceptibilidade a várias doenças

As características genéticas de um indivíduo, uma espécie de código pessoal que o acompanha desde o nascimento até à morte, determinam a sua susceptibilidade a várias doenças, nomeadamente aos efeitos do consumo excessivo de álcool.

Esta deverá ser a resposta a um quebra-cabeças que tem merecido atenção de cientistas de todo o mundo e que agora é objecto de investigação de um grupo português: porque razão apenas quatro em cinco bebedores excessivos desenvolvem doença hepática alcoólica (DHA).
"Os últimos avanços neste campo dão conta de factores genéticos que determinam susceptibilidade para se desenvolver doença hepática induzida pelo álcool", disse, em declarações à Agência Lusa, Helena Cortez-Pinto, investigadora principal do projecto, desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Segundo números recolhidos pela investigadora, médica gastroenterologista do Hospital de Santa Maria, a doença hepática terminal mata anualmente cerca de 21 portugueses em cada 100.000, sendo que o álcool é responsável pela condição em cerca de 50 por cento destes.

Também na génese do alcoolismo os genes parecem desempenhar um papel determinante, com vária literatura científica mundial a indicar uma predisposição muitas vezes hereditária para a doença.

No entanto, disse, "a maioria dos doentes com DHA são até bebedores excessivos (consumo acima dos 80 gramas de álcool diários durante pelo menos cinco anos), o quadro mais vulgar em território nacional, onde se bebe muito, de forma continuada, mas sem atingir a condição patológica de alcoólico".

Mais estudos

Com base em conclusões de trabalhos internacionais similares, cinco cientistas portuguesas vão reunir o ADN de três grupos diferentes da população portuguesa para posteriormente analisarem a associação de poliformismos relacionados com o risco de desenvolver DHA.

Os quatro poliformismos em causa, regiões do genoma humano onde há diferenças entre indivíduos normais, foram identificados em estudos internacionais.
"Trata-se da primeira vez que serão analisados em simultâneo os quatro poliformismos, só depois iremos procurar outros que possam estar associados à doença", disse.

A amostra será constituída por três grupos de cem: o primeiro de indivíduos com doença hepática alcoólica, o segundo por bebedores excessivos sem doença hepática e o último por indivíduos saudáveis que funcionarão como grupo de controlo.

Segundo Helena Cortez-Pinto, a recolha da amostra deverá estar concluída em Abril de 2003, sendo possível, a partir daí, analisar o ADN nacional à luz do que estudos internacionais têm descoberto.

Actualmente, a investigação mundial neste campo centra-se nos mecanismos de inflamação do fígado, que nalguns bebedores excessivos parece ser exacerbado.
"Perante o álcool, o corpo de alguns bebedores responde de uma forma tão violenta que a inflamação do fígado leva à morte celular e depois à cirrose, o que não acontece na maioria dos bebedores", disse, comparando o processo a "cascatas de defesa" que acabam por agredir o próprio organismo.

Como a cirrose é irreversível, os únicos tratamentos actualmente disponíveis para tratar a DHA baseiam-se na abstinência, em medicamentos que tentam travam a progressão da doença ou no transplante hepático.
"Se descobrirmos os mecanismos da doença, porque razão surge a inflamação e esta passa a cirrose nalguns casos, poderemos fornecer pistas para o desenvolvimento de medicamentos que intervenham numa fase anterior do processo, quando este ainda é reversível", disse.

Outra aplicação dos resultados obtidos pelo estudo português passaria pela possibilidade de se realizar um teste de ADN aos bebedores excessivos para os informar sobre a sua propensão genética de desenvolver DHA.
De uma maneira mais lata, o projecto representa ainda a oportunidade de estudar uma doença onde "existe agressão do meio" e em que as características genéticas de cada indivíduo condicionam a forma como o seu organismo responde ao exterior, indicou Helena Cortez-Pinto.

Fonte: Lusa

13 de Dezembro de 2002
 Conteúdo ainda não aprovado pela SPCNA.
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