Especialistas em dioxinas vão defender sexta-feira, na Faculdade de Medicina de Lisboa, o desenvolvimento de um programa nacional que periodicamente despiste a existência deste composto potencialmente cancerígeno em produtos alimentares e no ambiente.
Actualmente, explicou à Agência Lusa Maria Fátima Reis, investigadora do Instituto de Medicina Preventiva, não se fazem análises de detecção de dioxinas em Portugal e as que são necessárias são realizadas no estrangeiro, o que representa um desperdício de dinheiro para o país.
A questão deverá centrar os trabalhos do primeiro encontro nacional sobre «Dioxinas e Compostos Similares na Saúde e no Ambiente», que decorrerá sexta-feira na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa.
O encontro deverá reunir cerca de uma centena de especialistas provenientes de mais de uma dezena de instituições nacionais, bem como alguns oradores estrangeiros.
Representantes de empresas e organizações não governamentais na área do ambiente deverão também participar, numa altura em que é particularmente oportuna a discussão sobre a necessidade de despistar sistematicamente a existência de substâncias perigosas para o homem nos alimentos.
As dioxinas são compostos potencialmente cancerígenos, mutagénicos (induzem alterações no código genético) e teratogénicos (responsáveis por malformações nos fetos).
A dioxina não é uma única substância mas uma família de 278 isómeros (qualidade de ter a mesma composição química com aspectos físicos diferentes), dos quais o mais perigoso é a Tetracloro Dibenzo Dioxina (TCDD).
Em 1976, a explosão de um reactor numa indústria química em Milão libertou para a atmosfera uma nuvem que continha TCDD, responsável pela morte de 50 mil animais e que fez com que o Vaticano autorizasse a realização de mais de 2 mil abortos.
A Organização Mundial de Saúde estima que uma dose de TCDD superior a 4 picogramas (milionésimo de milionésimo do grama) por dia e por quilo de peso do consumidor tenha efeitos nos sistemas imunitário, endócrino e reprodutivo dos seres humanos.
Em 1999 foram detectados em frangos belgas 750 picogramas de dioxina por cada grama de gordura, 1.562 vezes mais do que o permitido pelas normas da União Europeia.
Além da sua elevada toxicidade, as dioxinas não são biodegradáveis, o que lhes permite sobreviver durante muito tempo no meio ambiente, e são bioacumuláveis.
As fontes emissoras de dioxinas são essencialmente processos industriais e de combustão, sendo o consumo de alimentos a forma mais importante para a exposição dos seres humanos à dioxina (95 a 98 por cento do total).
Fonte: Lusa
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