Uma empresa norte-americana desenvolveu uma fibra, Ingeo, a partir de um plástico à base de milho geneticamente modificado que várias companhias têxteis estão a experimentar na confecção de roupas e tecidos.
O porta-voz da Cargill Dow LLC, com sede em Minnetonka, Minnesota, Michael O Brien, sublinhou que o produto é tão versátil que é possível decorar uma casa inteira com ele.
«Podemos ir para a cama vestindo um pijama feito a partir da nova fibra, que também pode estar nos lençóis, na almofada e no colchão. E, logo de manhã, pôr os pés numa carpete de Ingeo», exemplificou.
«Seria igualmente possível abrir o roupeiro feito» a partir de ácido poliáctico, um plástico processado biotecnologicamente a partir da matéria-prima necessária ao processamento da Ingeo.
Uma fábrica pertencente à companhia em Blair, Nebraska, produz o ácido, através de um processo de moagem do milho até este se transformar em amido e depois em açúcar. O açúcar é fermentado com enzimas de forma a criar ácido lácteo, que depois é purificado.
No final, o que costumava ser milho amarelo transforma-se em pequenas, opacas e brancas placas de plástico de ácido poliáctico que podem moldar-se em copos de plástico, embalagens ou processadas na fibra Ingeo.
Em Janeiro, a Cargill Dow anunciou que 85 companhias de todo o mundo, desde fabricantes de roupa, como a Diesel, ou de têxteis, como a Faribault Woolen Mills, estavam a formar uma parceria empresarial para desenvolver novos produtos com a fibra, entretanto patenteada, Ingeo.
Patrick Gruber, vice-presidente para a área da tecnologia da Cargill Dow, classifica a Ingeo como uma fibra biodegradável, o que significa que pode ser processada sem emissão de poluentes para o ambiente.
Ao contrário de muitos materiais sintéticos, a receita para a Ingeo não inclui químicos à base de petróleo, outra vantagem do novo produto, sublinhou Gruber.
Segundo ele, os parceiros que usam a Ingeo concordaram em não usar químicos perigosos no seu processamento, como dioxinas, uma substância tóxica prejudicial à saúde, poluente e potencialmente cancerígena.
As companhias estão ainda a testar a tecnologia, indicou Brent Erickson, vice-presidente da Organização para a Indústria Biotecnológica, em Washington.
No entanto, grupos de consumidores e ambientalistas mostram- se críticos face ao uso da biotecnologia, argumentando que os genes de plantas geneticamente modificadas poderão alastrar a outras culturas e infectar toda a cadeia alimentar.
Apesar da Cargill Dow usar milho geneticamente modificado para criar as suas placas de plástico, é possível obter o mesmo material utilizando milho sem qualquer alteração genética, notou O Brien.
Fonte: Lusa
|