Em 30 anos, o fast-food insinuou-se em todos os cantos e recantos da sociedade norte-americana e daqui partiu à conquista do Mundo. Para se perceber a dimensão deste fenómeno, recorde-se que os norte-americanos gastam hoje mais em fast-food do que em educação superior, material informático ou carros novos.
A comida rápida é hoje um dos vectores mais marcantes da globalização, aparecendo obrigatoriamente associada ao trabalho desqualificado e precário, ao franchising e parcerias, ao controlo do agro-business sobre a produção agrícola, criadores de gado e avicultores, estando igualmente associada a alguns dos problemas mais prementes da segurança alimentar, para já não falar da manipulação dos clientes-crianças e da perversidade da «McDonaldização» no aproveitamento de subsídios à criação de primeiros empregos que vão desembocar na precarização laboral.
Para se perceberem as razões do êxito de uma indústria que exporta comida como já se exportavam filmes de Hollywood, os jeans, a música pop ou os cigarros, o jornalista Eric Schlosser escreveu um tremendo libelo intitulado «A Nação do Fast-Food» (Quetzal Editores, 2002).
Neste livro-reportagem faz-se uma descrição implacável do emaranhado de relações que o fast-food suscita como «linha de montagem»: industrialização da carne e da batata, inovação tecnológica para aperfeiçoar os peitos de frango McDonald''''s, sofisticação crescente dos aromatizantes, perseguição aos direitos sindicais, degradação das condições de vida dos agricultores... isto sem esconder que as cadeias de fast-food prosperam e que caminhamos para um «McMundo».
Fonte: Jornal de Notícias
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