Um defeito no sistema imunitário pode ser responsável por alguns casos de anorexia e bulimia. Cientistas suecos encontraram provas de que as doenças alimentares podem ser resultantes de distúrbios imunológicos semelhantes aos que, acredita-se, estariam por trás da esclerose múltipla e da artrite.
Os investigadores, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, analisaram amostras de sangue de mulheres que sofrem de anorexia, bulimia ou das duas condições para verificar a presença de agentes químicos do sistema imunitário, os anticorpos.
Em circunstâncias normais, os anticorpos atacam infecções e agentes estranhos que podem representar uma ameaça ao organismo. Mas ocasionalmente, distúrbios imunológicos podem levar os anticorpos a atacar os tecidos do próprio organismo.
Os investigadores descobriram ainda que a maior parte dos doentes produz anticorpos que se acoplam a células de duas estruturas encontradas nos cérebros - o hipotálamo e a glândula pituitária. Ambas as estruturas segregam substâncias químicas que regulam o metabolismo humano.
Por enquanto, ainda não está claro se - ou como - os anticorpos afectam os cérebros das mulheres com distúrbios alimentares. Mas os investigadores acreditam que os anticorpos podem destruir ou interferir indirectamente nos sinais do cérebro que regulam a ingestão da comida e o peso do corpo.
No entanto, segundo enfatizam os cientistas, a presença dos anticorpos não garante que uma pessoa desenvolva um distúrbio alimentar. Isto porque, os mesmos anticorpos foram encontrados numa pequena quantidade de pessoas saudáveis.
O especialista em distúrbios alimentares Frances Conan, da Clínica Vincent Square, em Londres, disse à BBC ser provável que as doenças sejam causadas por uma interacção entre factores biológicos, psicológicos e sociais. «A maioria das pessoas concorda que seja provavelmente uma combinação de herança genética e as primeiras experiências de vida, psicológicas e sociais, que juntas criam uma vulnerabilidade biológica e psicológica à doença».
E acrescenta: «Mas há várias razões para o envolvimento do hipotálamo e da glândula pituitária, uma vez que essas estruturas regulam o apetite e a imagem do corpo.» O estudo foi publicado na revista Proceedings da National Academy of Sciences, nos Estados Unidos.
Traduzido e adaptado por:
Paula Pedro Martins
MNI-Médicos Na Internet |