Uma controversa regulamentação norte-americana permite aos produtores publicitarem os possíveis efeitos terapêuticos dos alimentos antes destes serem comprovados de forma científica.
Na semana passada, a Agência para os Alimentos e Medicamentos (FDA em inglês, entidade que regula o sector nos EUA) abrandou as restrições quanto à necessidade de prova científica para pôr um aviso de benefício terapêutico nas embalagens dos alimentos.
Terça-feira, a FDA aprovou os primeiros novos «avisos qualificados de benefícios terapêuticos» em alimentos, para amêndoas, avelãs, nozes, pistácios e amendoins.
Os pacotes destes frutos secos podem agora ter a seguinte inscrição: «evidências científicas sugerem, mas não provam, que comer cerca de 50 gramas por dia como parte de uma dieta baixa em gorduras saturadas e colesterol pode reduzir o risco de doença cardíaca».
O conselho é um pouco surpreendente tendo em conta que as nozes tendem a ser altas em gordura, mas a FDA não aprovou a indicação para as que são mais calóricas, disse a chefe de nutrição da agência, Christine Taylor.
A Associação norte-americana para o Coração (AHA) diz há muito tempo que algumas nozes contêm diferentes tipos de gordura que são benéficas para o coração, as polinsaturadas e monoinsaturadas.
Daí que os produtores de nozes tenham citado a posição da AHA e alguns estudos que apoiam as dietas ricas em nozes para obter a autorização da FDA de promover o respectivo potencial terapêutico.
A decisão mereceu a ira dos grupos de consumidores, que dizem que, na melhor das hipóteses, os avisos sobre potenciais efeitos terapêuticos vão confundir os norte-americanos, pois anteriormente os avisos em pacotes de comida só podiam ter declarações cientificamente comprovadas.
«Que vai acontecer se o aviso acabar por ser falso mais tarde? Ninguém poderá obter o seu dinheiro de volta», disse Bruce Silverglade do Centro para Ciência no Interesse Público.
Também não se sabe se os consumidores irão compreender o facto dos benefícios das nozes não estarem ainda comprovados, disse Silverglade.
Por isso, a indústria dos frutos secos está a negociar com a FDA para promover mais investigação científica de forma a averiguar os benefícios destes alimentos, disse Taylor.
Fonte: Lusa
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