Uma anomalia de um gene (GAD2) aumenta o risco de obesidade grave, ao agir simultaneamente sobre o comportamento alimentar e a produção de insulina, indica um estudo anglo-francês. Os resultados obtidos «abrem novas perspectivas terapêuticas para prevenir e tratar a obesidade», segundo os investigadores. O estudo, dirigido por Philippe Froguel (do CNRS-Instituto Pasteur, de Paris, e do Imperial College, de Londres), vem hoje publicado numa nova revista dirigida pelo Prémio Nobel Harold Varmus, a Public Library of Science Biology (acessível em www.plosbiology.org). A obesidade, que afecta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, associada a um estilo de vida sedentário, predispõe à diabetes, às doenças cardiovasculares e a alguns cancros. De acordo com o novo estudo, uma forma anormal (mutação) do gene GAD2 está fortemente ligada à obesidade, enquanto que a outra parece ser «protectora». Assim, o gene anormal é seis vezes mais activo nos indivíduos com risco de obesidade. Situado no cromossoma 10, o gene acelera, por intermédio de uma enzima, a produção de um mensageiro químico, o GABA (ácido gama- aminobutírico), que estimula o apetite no cérebro, ao nível do hipotálamo. O GABA intervém também nas dependências do álcool e dos ansiolíticos como o Vallium. Por outro lado, o gene anormal perturbaria a produção de insulina, uma hormona segregada durante as refeições e que, além de regular a assimilação do açúcar dos alimentos, serve para enviar ao cérebro uma mensagem de saciedade à qual muitas vezes o organismo dos obesos fica indiferente. «A genética não pode, por si só, explicar o aumento rápido da obesidade no mundo», afirmou Philippe Froguel à agência AFP. «Pode no entanto fornecer pistas para abordagens preventivas e terapêuticas», disse. O investigador disse ainda que «a identificação deste gene contribuirá nos próximos anos para desenvolver uma despistagem de crianças com risco de obesidade, tornando possível a tomada de medidas preventivas». Fonte: Lusa |