A endocrinologista Isabel do Carmo defendeu na semana passada medidas concretas para travar a obesidade infantil como a proibição de máquinas de distribuição de alimentos calóricos nas escolas e a publicidade televisiva a doces e refrigerantes em espaços infantis. Na apresentação dos resultados do primeiro estudo sobre obesidade e excesso de peso nos adultos portugueses, a sua coordenadora, Isabel do Carmo, disse que o «flagelo mundial» que é a obesidade tem de ser travado logo na infância. De acordo com a endocrinologista, a obesidade infantil é «gravíssima» nos países do mediterrâneo como Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Dado o panorama mundial há já países cujos governos discutem medidas para resolver o problema da obesidade, como acontece com a França e Inglaterra. No entender de Isabel do Carmo, a primeira medida para enfrentar o problema deverá ser a prevenção junto das crianças. «Há medidas que podem ser tomadas já amanhã», disse a nutricionista, defendendo a proibição de publicidade a alimentos hiper calóricos e a venda desses alimentos nas máquinas de distribuição. Isabel do Carmo quer ainda que os medicamentos para tratar a obesidade sejam comparticipados e que haja nutricionistas e dietistas nos hospitais e centros de saúde. Além destas sugestões, Isabel do Carmo lamentou que nenhum governo tenha ainda realizado uma campanha sobre educação alimentar. Os resultados preliminares do estudo que está a ser realizado por sete especialistas revela que mais de metade da população portuguesa (51,6 por cento) tem peso a mais ou sofre de obesidade. Comparativamente ao último estudo do género, realizado em 1995, Isabel do Carmo salientou o facto de a pré-obesidade ter aumentado quase dois pontos percentuais. Para a nutricionista, o aumento da pré-obesidade é preocupante e mostra a tendência das sociedades. Além do índice de massa corporal, que ajuda a designar os vários tipos de obesidade, outro dos enfoques do estudo foi a medição do perímetro da cintura, um valor importante para definir o risco de doenças cardiovasculares, dado que quanto maior for a gordura à volta da cintura maior é o perigo para a saúde. Em relação a este dado, o estudo mostra que além da pré- obesidade ser maior nos homens, um quarto deles acumula gordura à volta da cintura, favorecendo o risco daquelas doenças. Fonte: Lusa |