Já foi usado, ao longo de muitas gerações, para eliminar a fome, mas, agora, as farmacêuticas apontaram a mira para o usarem em medicamentos de combate à obesidade. Trata-se da « Hoodia gordonii», um cacto raro que prolifera no deserto do Kalahari, na África do Sul. A multinacional Unilever chegou a acordo com a empresa britânica Phytopharm, que detém a licença comercial da planta desde 1997, para desenvolver uma nova fórmula para dietas com extractos da planta. Há séculos que o povo San (bosquímanos) sabia dos poderes da planta. Quando partiam para a caça, os bosquímanos sabiam que tinham como aliado da fome e sede uma planta com quase dois metros de altura, de cor verde, com picos e amarga. Comendo fatias do cacto, os caçadores passavam dias e dias, sem fome nem sede e com energia. A substância activa da planta que funciona como inibidor do apetite foi identificada pelo Conselho para a Investigação Científica e Industrial da África do Sul (CSIR) em 1997. A licença de exploração comercial foi vendida à Phytopharm, liderada por Richard Dixey, que tornou o princípio activo da planta conhecido como P57. Na altura, a empresa farmacêutica norte-americana Pfizer pagou à Phytopharm cerca de 32 milhões de euros pelos direitos, para desenvolver um medicamento com base no P57. Apesar desta corrida das farmacêuticas, o povo San já tinha patenteado o conhecimento. Depois de um processo em que o Sam reclamou indemnizações, os novos produtos feitos de extractos de «Hoodia gordonii» poderão estar no mercado dentro de três anos, segundo a Unilever. Através deste acordo com a Unilever, a Phytopharm irá receber uma percentagem das vendas dos produtos e outra percentagem reverterá para a agência de investigação governamental sul-africana, que acordou em partilhar parte do dinheiro com os San, para ser gasto em instalações, educação e protecção do património. Fonte: Público |