O consumo de algas marinhas alterou o sistema gastrointestinal dos japoneses, de modo a facilitar a digestão desse ingrediente que é consumido cru em pratos típicos da região, como o mundialmente conhecido sushi.
Um estudo francês, realizado por investigadores da Universidade Pierre et Marie Curie, e publicado na revista “Nature”, explica que, ao consumir este tipo de alimento, as bactérias do intestino adquiriram genes comuns das bactérias presentes nas algas.
As bactérias intestinais e os humanos têm evoluído em conjunto e uma das estratégias de sucesso da flora intestinal é ser capaz de usar os nutrientes que o hospedeiro consome. Neste caso, uma bactéria presente no intestino, a Bacteroides plebeius, adquiriu os genes para conseguir digerir as algas marinhas do género Porphyra.
Os cientistas concluíram que a Bacteroides plebeius obteve os genes da alga por "transferência lateral" ou simbiogénese – processo em que um organismo incorpora o material genético de um outro organismo.
Os cientistas, liderados por Mirjam Czjzek, analisaram centenas de bases de dados de genes para identificar em que pessoas estaria presente a Bacteroides plebeius. Verificaram que esta bactéria intestinal existia num grupo de 13 japoneses.
"Cinco dessas 13 pessoas tinham o mesmo gene na flora intestinal. E o resto apresentou genes semelhantes que codificam enzimas semelhantes", explicou a investigadora, acrescentando que, quando analisaram o estudo genómico da flora intestinal de um grupo de norte-americanos, verificaram que nenhum deles apresentava o mesmo gene.
Segundo Czjzek, a rota "mais provável" para a chegada das bactérias marinhas ao intestino seria mesmo a ingestão das algas.
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